sexta-feira, 16 de março de 2012

Liberdade, um fardo ou um direito?



Quando falamos de liberdade, podemos imaginar o vôo de um pássaro, o nadar de um peixe, um animal solto na selva e muitas outras coisas. No entanto o que nos interessa é a liberdade humana de agirmos conforme nossa vontade.

Sempre que penso sobre liberdade algumas questões surgem:

Somos todos livres?

Qual a consequência de sermos livres?

É possível ser livre e viver em sociedade ao mesmo tempo?

Nos séculos XVII e XVIII, no auge do iluminismo, a bandeira da liberdade foi levantada contra a tirania dos monarcas, a liberdade foi tratada como um bem inalienável, algo que o ser humano não poderia deixar de ter. Como escreveu Jean Jacques Rousseau (1712-1778): “renunciar a liberdade é renunciar à qualidade de homem”.

John Locke (1632-1704) acreditava que a liberdade é algo necessário para as instituições políticas e essencial para garantir a paz. Em uma de suas obras Locke ressalta a importância da liberdade: Para compreender corretamente o poder político e traçar o curso de sua primeira instituição, é preciso que examinemos a condição natural dos homens, ou seja, um estado em que eles sejam absolutamente livres para decidir suas ações, dispor de seus bens e de suas pessoas como bem entenderem, dentro dos limites do direito natural, sem pedir a autorização de nenhum outro homem nem depender de sua vontade.” (Segundo tratado sobre o governo civil).

No entanto, a liberdade não traz apenas bônus, mas também um ônus. Para o filosofo medieval Agostinho de Hipona (para os católicos Santo Agostinho) a liberdade humana justificar a existência do mal. Como Agostinho defendia a existência de um Deus bondoso e criador de tudo, ficava-se a pergunta: Se Deus é o bem supremo e criador de tudo, como o mal pode existir? O filosofo entendia que Deus deu o livre-arbítrio para o homem é nas escolhas que o ser humano faz que o mal passa existir.

Para o filosofo moderno Thomas Hobbes (1588-1679) todos os seres humanos abrem mão de sua liberdade para viver em paz, criando um contrato social, no qual a vontade das pessoas deveria ser submetida ao um governo ou ao Estado para assegurar a paz interna e a defesa coletiva. Observem as palavras abaixo:

“...pertence à soberania todo poder de prescrever as regras por meio das quais todo homem pode saber quais bens de que pode gozar e quais as ações que pode praticar, sem ser molestado por qualquer de seus concidadãos: é a isto que os homens chamam propriedade. Porque antes da constituição do poder soberano todos os homens tinham direito a todas as coisas, o que necessariamente provocava a guerra. Portanto, essa propriedade, dado que é necessária a paz e depende do poder soberano, é um ato desse poder, tendo em vista a paz pública. Essas regras da propriedade, tal como o bom e o mal, ou legitimo e o ilegítimo, nas ações dos súditos, são as leis civis”. (Leviatã)

Para a teoria de Hobbes, o homem para viver em paz ele deve abdicar de todos os seus direitos, inclusive de liberdade.

Sartre (filosofo contemporânea - 1905-1980) acreditava que o ser humano não pode abdicar do direito a liberdade com entendia Hobbes, para Sartre a liberdade é um fardo que não podemos abrir mão. “estamos condenado à liberdade” “a escolha é possível num sentido, mas o que não é possível é a não escolha”. Mas por que a liberdade é um fardo? Essa resposta é simples, somos livres para fazermos o que quisermos, no entanto somos responsáveis pelas nossas escolhas. Não existe ação sem reação, todas as nossas ações e omissões vão gerar consequências e temos que arcar com o resultado das mesmas. O plantio é sempre facultativo, mas a colheita é sempre obrigatória. Se plantarmos árvores ruins, colheremos frutos ruins, no entanto se plantarmos árvores boas colheremos frutos bons.

Outro ponto que temos que ter em mente quando falamos de liberdade é que vivemos em sociedade. Nesse sentido, a vontade das pessoas é submetida a preceitos éticos, todos nós somos livres, mas algumas atitudes podem não ser boas para o convívio em sociedade. Fazer o certo ou o errado é uma relação intima de cada um. Podemos fazer coisas que pode prejudicar outras pessoas, usando a justificativa que determinada ação foi realizada para garantir algo que se almeja. Muitas vezes, nos submetemos as situações em que abrimos mão de algo que queremos para podemos conviver com as outras pessoas. Não que deixamos de ser livres, mas utilizamos do consenso (uma regra geral) para podermos conviver em harmonia.

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