sexta-feira, 9 de março de 2012

A felicidade dos ignorantes.



“A ignorância pode ser tão profunda que sequer a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas, nenhum motivo para desconfiar delas e, conseqüentemente, achamos que sabemos tudo o que há para saber.” (Marilena Chaui – Convite à Filosofia)


O que é melhor, ser feliz na ilusão ou triste na realidade?


Essa pergunta em uma primeira análise pode parecer obvia, todos preferem à realidade do que a ilusão. No entanto, esse processo de sair da ilusão não é fácil, muita vezes as pessoas ignoram que estão iludidas. Muitas vezes sair da zona de conforto da felicidade é um processo lento. Isso ocorre porque todas as pessoas sonham em ser felizes. A ignorância nesses casos parece ser uma dádiva.


A ignorância diante da felicidade parece ser um preço barato a ser pago. Por que questionar uma realidade confortável? Enquanto as ilusões parecerem úteis e eficazes para nossa vida não questionamos.


Para facilitar o entendimento vou citar um exemplo, em sua maioria as pessoas que protestam por segurança pública, o fazem porque sofreu na pele a violência, ou teve uma pessoa próxima que passou por uma situação de violência. As pessoas vivem em uma ilusão que nada de mau vai acontecer, mas quando essa ilusão é quebrada pela violência essas pessoas passam a protestar por melhores condições de vida.


Uma outra situação a ser pensada, no Brasil temos uma das maiores emissoras de televisão do mundo e em seus telejornais diversas informações são passadas para os telespectadores e muitos as aceitam como verdades inquestionáveis, mas será que todas as informações são realmente verdadeiras? No entanto, o grande questionamento é: por que questionar a veracidade das informações? Aceitá-las aparentemente é mais fácil.


Não precisamos ir muito longe para demonstra essa aceitação pacifica as informações que nos são passadas. Os jornais impressos regionais, muitas vezes passam a impressão que vivemos em uma cidade maravilhosa e quase sem problema. Nesse ponto volto a questionar: por que essas informações não seriam verdadeiras? Qual o interesse por trás das informações? A quem interessa a ignorância generalizada?


O grande problema é que questionar dá muito trabalho e as respostas podem abalar o estado ilusório de felicidade. Quem não usa os serviços públicos desconhecem a sua qualidade. Muitos têm seu carro, um convenio particular de saúde e seus filhos estudam em escolas privadas, a cidade com má qualidade na prestação de serviços públicos parece muito distante e uma discussão teórica que para esses não interessa minimamente. Muitos são felizes e iludidos, mas para que questionar se a finalidade do homem é ser feliz?


Como professor filosofia defensor de uma atitude crítica, acredito que questionar é sempre necessário. Temo o conformismo e a ignorância generalizada.

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